quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Tudo o que era mau atraía-me: gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil."
C. Bukowski *1920 +1994



Quando na minha adolescência, li Bukowski. Gostava da fluides, da proximidade com o rock, da loucura... de filmes como BARFLY - CONDENADOS PELO VICIO, com Mickey Rourke(que atua com perfeição, inclusive fiquei fã dele por conta desta apresentação).
Mas hoje volto a esta fala, e não consigo entender onde está a luz, o brilho tão vivo, tão factual da vida. Porque em algum lugar em nossa existência peremptória, é evidente que existe um porque(mesmo sem ter que ter porque) de encontrar um sorriso que nasce do nada, que além do niilismo, se encontra uma razão dos olhos brilharem, dos lábios se tocarem, ou, como diria Bukowisk, dos corpos se encontrarem...
É engraçado como agente de fora da vida dele, consiga encontrar um caminho que leve pra longe da sua idéia de auto-aniquilação(Notas de um candidato ao suicídio - do livro "Fabulário geral do delírio cotidiano. Ereções, ejaculações, exibicionismos - Parte II", Charles Bukowski,ed.J&PM).
Percebo a necessidade de encontrar o "outro", de abandonar o eu, de aprender a ser a comunidade, de abrir mão dos interesses pessoais, de viver uma vida simples, além das regras dos ditames deste mundo. A algum tempo atrás eu em uma conversação evangelical disse: nosso amor é 100% verdadeiro quando for 0% egoísta. Não tem como equilibrar certos pesos sobre a mesma balança, algumas coisas são simplesmente antagônicas, repelentes, não conseguem ficar próximas...
Me arrependo de coisas que fiz, e sei que vou me arrepender de coisas que ainda vou fazer. Não me arrependo de ter lido Bukowiski. mas não sei porque me era tão interessante, hoje, sinto pena dele... O que é mau, tudo aquilo que pode apagar, esvaecer o belo, o bom, o doce em mim, não vale a pena, ou melhor, preciso com todas as minhas forças, ou com forças que nem mesmo tenho, lutar contra, apagar da minha vida sem dó nem pena, para que eu possa contemplar o "totalmente outro" na existência e matéria deste mundo tão maravilhoso e perdido, desencontrado, que conhecemos.
Dificil, Bukowiski, é não conseguir enxergar a necessidade de lutar contra a inclinação que possa ter, para que o mundo seja melhor pra todos.







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